Os capítulos do livro

Hoje caminhava pela estação, olhava as paredes, e as pessoas que lá andavam à volta, olhavam para mim como se fosse uma estranha no mundo ou um ser diferente, enquanto caminhava olhava as lojas que lá se encontravam, deparei-me com um livro, numa das lojas, e decidi compra-lo, e pensei em apanhar um comboio sem destino, e em cada paragem ler um capítulo do livro.

Caminhei até à bilheteira, e pedi-lhe um bilhete sem destino, ela olhou para mim um pouco confusa, e voltou a perguntar-me para onde eu queria ir, e eu voltei a dizer que queria um bilhete sem destino e ela percebeu o que eu precisava.

Apanhei o comboio e lá fui eu sem destino a ler cada capítulo do meu livro a cada paragem, eu precisava de paz, é isso precisava de paz, precisava do balançar do comboio, precisava do apito do comboio, precisava de tudo o que um comboio tinha.

Cheguei a uma das paragens, e deparei-me com quatro casais, dois com filhos e outros dois sem, amavam-se da mesma maneira, mas com cuidados diferentes, os casais com filhos não se beijavam, não davam as mãos, apenas queriam estar de olho nos filhos para que nada de mal lhes acontecesse, os outros dois casais pelo contrário, faziam tudo descontraidamente, e aquilo irritava-me.

Voltei a concentrar-me no meu livro, li uma duas três linhas, mas os meus olhos parece que se filtravam naquela imagem, finalmente o comboio arrancou, finalmente fugi daquela imagem, finalmente vou ter paz outra vez, e fugir de todos estes e mais alguns problemas do mundo.

Tenho 15 anos e ainda não consegui perceber porque não podemos ser todos iguais.

Vou continuar a minha viagem e a ler o meu livro, um capítulo a cada paragem, porque é mesmo disso que ela fala, sem um destino, porque a vida é mesmo assim sem destino.

Um dia volto, prometo.

(um dia regresso de novo a este mundo. e a perceber melhor.)