17.9.10

Passagem de "O Gato Listrado"

(...)
Ninguém a passar, ninguém à janela: em suma, ninguém a quem perguntar como é que isto veio aqui parar!
Será uma arrecadação? Que vidros tão baços! Lá dentro, é como a mercearia da terra da minha avó: um balcão corrido em madeira antiga... prateleiras a toda a volta... montes de objectos variados...
Um armazém no sítio da bica?! Mas que pouca-vergonha!
E não vejo vivalma que me explique donde é que isto saiu ou porque é que o meteram neste larguinho, tão jeitoso como estava.
Ai, que susto! Devo ter-me encostado à porta, que ela abriu-se. Já agora, entro, a ver se aprece quem me diga o que se passa.
Ó da loja, está alguém?
Estranho, não há resposta. E que coisa tão mal iluminada. Deve ser por haver uma luz tão brilhante lá fora; tenho de esperar que os meus olhos se habituem a esta mudança.
Parece um armazém de relógios modernos: as paredes estão cheias de sombras com rectângulos luminosos e números a piscar. E este balcão, afinal...
«Trás!»
Olha, fechou-se a porta!
(...)

O Gato Listrado,
de Ana Cardoso Pires

(esta é daquelas vezes em que andamos perdidos, e quando descobrimos algo, puf. a porta fecha-se.)

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