11.2.11

Carta

Data: 14 de Maio de 1998

Para: Tomás R.
De: Mana

Tentei, juro que tentei, mas não consegui, foi triste bastante triste, mas um dia tinha de ser a decisão foi simplesmente tua, eu não queria nem ninguém queria. Agora a porta está fechada e as coisas fora do sítio, já nada é e está igual, até faz confusão quando viramos as costas e olhamos para a outra parte da casa.
A música toca igualmente como sempre tocou todos os dias igualmente, as tuas fotos continuam intactas, mas já não têm o mesmo brilho. Não sentimos ainda muita falta de nada a não ser o teu sorriso de todas as manhãs.
A mim há algo que me faz mais falta, as tuas palavras e os teus conselhos, fazem-me falta os teus abraços e os teus beijos quando me acordavas. 
A mãe disfarça diz que não tem saudades, mas é mentira na outra vez apanhei-a de lágrimas nos olhos e ela disse que estava a chorar porque discutiu com o pai, mas é mentira, ela está sempre  a dizer que a decisão foi tua, havia outras hipóteses e que agora estás longe por assa tua decisão.
Na verdade eu já não aguento, estou demasiado sozinha, todas as noites deito-me  na cama do teu quarto e fico lá horas com as recordações.
Sabes que para ti a porta do meu coração está sempre aberta, porque sabes que és bastante importante para mim meu irmão.
Lembras-te quando brincávamos juntos, com os puzzles, ou com os legos e até mesmo com os cubinhos mágicos, era tão bom.
Só tens de esperar mais um pouco e vais ver que a porta se abre e nunca mais se fecha, eles vão acabar todos por te perdoar, até porque ninguém se aguenta sem ti és o nosso grande suporte.
Aquela pessoa manda-te um grande beijo e diz que está cheia de saudades tuas e que nunca pensou sentir o que sente.
Diverte-te e vê se voltas depressa de Nova York, estou desejosa de te ver e quero um grande presente.
Um grande beijo.

Alice R. 

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